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- Mamã o que estás a fazer?
- Estou a semear amores-perfeitos, princesa.
- Amores-perfeitos?
- Sim, são umas flores lindas. Vais adorá-las!
- Mas como é que elas aparecem?
- Crescem a partir destas sementes se lhes deres muitos
miminhos.
E naquele dia começou a nova paixão
de Margarida que desde aí acordava de manhã e corria para o jardim, para ver se o amor
nascera, tal como dizia na inocência dos seus seis anos.
Não mais se esquecera da primeira
vez que viu um amor-perfeito florescido, ficando horas aguardando que também os
outros desabrochassem.
Quando as flores começaram a murchar a mãe dera-lhe um
caderno para que nele criasse o seu próprio jardim. Para tal, escolhiam de
todos os amores-perfeitos aquele a que chamavam o verdadeiro e era esse que Margarida
colava no seu eterno jardim, ao lado do desenho que fazia para que mesmo quando
a flor secasse não perdesse a cor.
Ano após ano, semear, dispor e cuidar de amores-perfeitos
era uma actividade que a ligava à sua mãe e que ambas adoravam, apreciando cada
minuto em que da terra cultivavam o seu amor.
Hoje Margarida não é mais menina, mas sim mãe e recordando a
sua infância ensina agora a sua pequena filha a cuidar daquelas flores de cores
vibrantes. A sua mãe, agora avó, junta-se a elas e, as três sentadas no banco
de jardim, desfolham os inúmeros cadernos que Margarida preenchera, revivendo
cada carinho e ansiando que um amor assim nunca esmoreça.