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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Terra minha

Pintura de Pedro Weingärtner

Enquanto os seus pais, uma vez mais, trabalham a terra ele dá os seus primeiros passos na agricultura. Traz hoje calçadas umas botas que diz serem como as do avô e ao ombro carrega a sua enxada, preparado assim para fazer os seus primeiros sulcos no terreno por onde passaram diferentes gerações da sua humilde família.
Ao longe vejo no seu rosto a alegria de ali estar, a honra de ser parte daquela gente e daquela terra.
Noto que não perdera ainda a sua inocência de criança e ao cair da noite posso observá-lo a pegar nos pedaços de terra endurecidos atirando-os para o horizonte.
Minutos depois, pega na sua enxada e ruma a casa onde a sua avó está sentada num cadeirão que quase não consegue fazer balançar.
Ao chegar encontra-a envolvida na manta antiga que em pequeno o aconchegara e coloca-se de joelhos junto a ela sussurrando-lhe apenas:
- Hoje peguei na nossa história e mandei para longe o Carlos, pois de agora em diante serei apenas o seu neto. Lutarei pela nossa família com o mesmo orgulho que o avô mostrava sempre que nos reuníamos em torno da pequena e redonda mesa e em cima dela colocava uma refeição para todos nós.
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